segunda-feira, 3 de junho de 2013

Democracia e partidos políticos




*Cláudio André de Souza




A cientista política Maria Dalva Kinzo (USP) salienta que há duas as duas arenas de atuação do sistema político: a eleitoral e a decisória. Nesta última, sua atividade está associada à formulação, ao planejamento e à implementação de políticas públicas, participando como atores legítimos no jogo de poder e no processo de negociação política.

Diz ela: “os partidos são agentes fundamentais no processo democrático representativo, pois estão respaldados pelo voto popular. Ou seja, somente com base no critério de apoio eleitoral é possível, no contexto das democracias de massa, falar de partidos como canais de expressão e representação de interesses, como um vínculo, ainda que frágil, entre a sociedade e o Estado. Na arena eleitoral, seu papel específico é o de competir pelo apoio dos eleitores a fim de conquistar posições de poder. É por meio desse mecanismo que a cadeia de representação política se forma nas democracias representativas, uma cadeia que vincula os cidadãos às arenas públicas de tomada de decisões”.

Ao longo das últimas décadas as principais democracias conviveram com fortes críticas por parte de cidadãos que pouco se sentiam representados pelos partidos, mas, sobretudo, pelo sistema político em geral. No entanto, o caso brasileiro é exitoso na medida em que a Constituição de 1988 potencializou espaços públicos de protagonismo da sociedade civil (conselhos, conferências, orçamentos participativos, lei de iniciativa popular, etc). Neste contexto, os partidos brasileiros mantêm-se enraizados nas franjas da sociedade civil, além do seu papel institucional de competição no sistema político.

Por isso, os partidos não são de “mentirinha” como afirmou recentemente Joaquim Barbosa (STF). O seu melhor desempenho se torna um desafio primaz a democracia brasileira, mas há outros desafios também importantes que se ambientam fora do âmbito partidário. Desde já, porém, saibamos que a complexidade em que envolve os horizontes das democracias contemporâneas reconhece a centralidade dos partidos enquanto uma “verdade”.






*Professor de Ciência Política (UCSAL e Faculdade Baiana de Direito) e Doutorando de Ciências Sociais (UFBA). E-mail: claudioandre.cp@gmail.com

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