Desde a redemocratização na década de 80 que o PT é um importante sujeito da política brasileira. Distante da configuração partidária tradicional, ligada as instituições formais da política, o partido nasceu das lutas e movimentos sociais que resistiram aos anos de chumbo da ditadura. Da intelectualidade das universidades aos sindicalistas, a sua criação se deu potencialmente ao lado da sociedade civil, mas necessariamente em diálogo com as instituições tradicionais – governos e parlamentos. As suas primeiras resoluções oficiais buscaram deixar claro que não seria um partido de “costas ao Estado” e sim voltado para a conquista de governos e legislativos pari passu a presença e representação política dos movimentos populares.
Após três candidaturas capitaneadas nos partidos de esquerda, Lula e o PT obtiveram êxito em 2002 e 2006 com uma aliança mais ampla, que buscava a vitória de um projeto mais “realista” de governo. Sob a égide democrática, erigiu-se a construção de uma campanha que dialogou com setores tradicionais, ávidos por respeito aos valores liberais e instituições políticas democráticas, além do compromisso com uma economia de mercado e com metas capitalistas comuns a globalização financeira.
Em 2010, é Lula e o PT os principais atores de uma agenda que desmonta a oposição com a avaliação de governo. Serra e Marina sabem que não dá para desprezar o óbvio: grosso modo, o governo Lula angaria popularidade por ter arrolado bons resultados nas políticas sociais e na administração da economia. Sendo assim, são miméticos ao fato vivenciado pelo eleitorado do Brasil afora: Lula é o definidor das eleições, pois sob os seus mandatos ficou patente que é possível mudanças sociais pela política.
O que temos a partir deste fato é que a oposição se encontra distante de sagrar-se vitoriosa nas urnas, quando temos um eleitorado que tende a optar pela continuidade. Daí o fracasso de Serra e Marina buscar anular Lula e seus governos de uma condição imanente: colar suas gestões a candidatura de Dilma como uma continuidade.
Ao largo de uma condição de retórica, é Lula o principal ator das eleições. Sob o processo eleitoral pesa a avaliação de oito anos de governo como um fator determinante. Entre Serra e Dilma, a polarização nestas eleições é a variante de quem segue com Lula. Neste caso, as pesquisas de intenção de voto mostram quem é quem para o eleitorado. Dilma é apoiada por Lula. Pode crescer e definir a eleição em primeiro turno, sendo que ainda tem eleitores que avaliam bem o governo, mas não sabem que ela é apoiada pelo presidente. Soma-se a isso eleitores desinformados que acham que é Serra o candidato de Lula.
Em termos gerais, com o início do horário eleitoral na tevê, a tendência de Dilma disparar parece ser razoável, quando as candidaturas estiverem melhor situadas, inclusive, apelando a técnicas de marketing semelhante a de venda de sabão em pó. Será Lula um garoto-propaganda e o grande ator destas eleições. A oposição parece perdida diante deste fato. Como poderá discordar e rivalizar com quem tem gerado convicções e melhorias na vida das pessoas palpável e sob abrigo da luz? Como enfrentar uma coligação ampliada e com força política em todas as regiões do país? Veremos como reagirão os opositores a continuidade.
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