quarta-feira, 2 de dezembro de 2009

O "simbólico" é R$14,49

Uma sopa do outro lado da rua pra variar? Pode ser. Eis que o Gug´s Restaurante agora administra o restaurante do Teatro Castro Alves. Só que este cobra R$34,39 o Kg ante R$19,90 do primo "pobre". Diferença: ar-condicionado, um piano, tela LCD e mais o glamour do TCA, palco da "sociedade baiana" tradicional. O cardápio é idêntico em termos de buffet (sopa, salgados, bolos e pratos com carne, frango e massas). Até já viram pratos atravessarem a rua, feitos no barato e sendo vendidos pelo mais caro e glamouroso espaço.

P.S. Salvador está se tornando insuportável de custosa em função de situações como esta, onde os "enfeites" valem mais do que uma boa refeição. Já notaram que em shoppings todas as marcas se nivelam por R$32,90 o Kg (um pouco mais quem sabe, quase nunca um pouco menos)? Por vivermos numa sociedade capitalista que vive de espetáculo, o ambiente tende a se tornar mais caro que o produto que de fato as pessoas vão ali consumir. Esta questão se traduz de simplicidade se levada à cabo enquanto tal, pois, a nossa frequencia a espaços privados ornamentados de custos agregados reluz a decadência dos espaços públicos, fim último em sociedades de capital concorrencial. Dialeticamente, o sucesso de espaços privados deve se fincar na decadência dos públicos. Pois bem, a quimera reside numa hipotese sujeita a invalidação pelo campo: espaços privados de reprodução das intersubjetividades se sustentam na decadência e fuga das pessoas de espaços públicos, não voltados necessariamente para o consumo. Pode haver a assimilação do segundo pela lógica do primeiro. Isso é pensado por que? Qual o espaço temos hoje em Salvador, onde possamos não consumir em paz? Onde podemos no devir do público ficarmos soltos e leves sem estarmos na égide administrativa de grupos empresariais?
Está aberta uma discussão.

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