segunda-feira, 24 de agosto de 2009

Um projeto de sociedade em questão


Mais uma vez a grande imprensa passou ao largo das nuances da movimentação política que figura os noticiários pelo Brasil afora. A saída parcial do PT da vida da Senadora Marina Silva (AC) na semana passada após trinta anos não começa e nem terminará com as eleições de 2010. A sua provável ida para o Partido Verde coincide com o objetivo de aprofundar na sociedade a luta por um projeto de desenvolvimento sustentável e de crítica a um modelo sócio-econômico oposto ao capitalismo aventado nos grandes centros industriais fundamentados em uma normatividade desmoronada em parte pela crise financeira pela qual passamos. Era o receituário da irresponsabilidade ambiental coroada pela ordem de primeiro progredir explorando os limites ambientais pondo em segundo plano o quanto suportaria o meio ambiente. O espírito do capitalismo é a acumulação de riqueza até o limite possível. A prova cabal é a pequena fronteira no espaço urbano de grandes áreas nobres convivendo com bolsões de miséria absoluta não deixando a desejar aos rincões do país. Oscila-se o estabelecimento de direitos humanos por pequenas diferenças de metro quadrado nas grandes capitais brasileiras. A cultura do “acumular” soçobra a do “sobreviver”. O meio ambiente para Marina Silva engloba a tradução do social enquanto modelo de vida e de relação com a natureza.

Mais uma vez a imprensa supervaloriza uma perspectiva eleitoral, como se a tentativa de se refundar um partido político pudesse ser enquadrada apenas enquanto uma tática de momento. Antes de mais nada, a decisão da senadora acreana merece ser analisada por um debate mais profundo no tocante a sua necessidade de pensar uma sociedade para além de uma possível candidatura presidencial. Diríamos mais: o que se ensaia da parte de Marina Silva é a cristalização de uma luta politica em uma nova e incerta seara que se alia às perspectivas deixadas de lado pelo PT, diz-se que por contingência do ofício de ser governo. Por tabela, uma nova questão paira no cenário político: Marina será capaz de conduzir a refundação de um novo PV programático? O partido suportará as depurações como um bem necessário? Uma política verdadeiramente democrática não se apega em eleições, ou pelo menos não deveria.

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