terça-feira, 14 de julho de 2009

PMDB forte?


A crise no Senado não parece ter fim. José Sarney (PMDB-AP) sangra em combate, mas não desiste, não sendo esdrúxula a opção de sua saída neste momento delicado, como reitera o seu colega de partido, Senador Pedro Simon (RS). Vislumbrando ganhos eleitorais com a profunda instabilidade que passam os representantes do povo, a oposição tenta extrair do momento o fato de que a crise ética tem o aval do presidente Lula. Não é pra menos: em nome da governabilidade o presidente petista escolheu ficar ao lado do PMDB, tendo em vista o pleito de 2010, mesmo a contragosto da bancada do seu partido, que votara pelo afastamento parcial do “imortal” Sarney.
Tanto a oposição quanto o governo dependem do PMDB para a consecução dos seus projetos para 2010. De um lado, o governo que busca fortalecer o palanque de Dilma nos estados, sabendo do poder que tem o PMDB e suas candidaturas em potencial. Do outro a oposição, que flerta com bancadas regionais do PMDB. È o caso da Bahia. O Democrata deseja ter ao seu lado o PMDB do Ministro Geddel Vieira Lima como um aliado de primeira ou segunda hora (primeiro ou segundo turno!). A dependência pragmática de ambos os projetos em curso no país, capitaneados pelo PT e pelo PSDB, no tocante ao apoio do PMDB reverbera as posturas moderadas perante os escândalos de ordem institucional que passam a ser explorados pela mídia como sendo atos de Sarney. Isso não é verdade. Parte da crise que vemos acontecer em Brasília tem relação com um patrimonialismo nefasto incrustado nas práticas de altos funcionários com o aval e participação de políticos que confundem a política como um negócio lucrativo de caráter privado. A crise é do senado e de Sarney. Uma pergunta vem a calhar: que projeto político se espera quando se tem como principal apoiador o PMDB de Sarney e Renan Calheiros? Em que medida PT e PSDB vão se aliando com o PMDB por razão de contingência ou razão de princípio? A moderação segue como horizonte, enquanto isso a assombro da sociedade com a política continua ao passo que reina os “PMDBs” nos quatro cantos de uma república que os veneram nas urnas.
O PMDB e Sarney não estão na crista da onda. A imprensa dá o tom de denúncias estarrecedoras, que se afastam de um debate franco e aberto de compreensão a longo alcance: as práticas políticas de Sarney e a rotina institucional dos “atos secretos” remontam uma prática exterior ao PMDB, mas cristalizada na política e nas suas instituições. A “cabeça” de Sarney é o suficiente? Enfim, o horizonte desenha o mais do mesmo: mais um nome a servir de Judas com a grande imprensa de mercado liderando a mediocridade no diálogo sobre/entre a sociedade civil e o Estado. O PMDB e Sarney não estão na crista da onda, assim como não beijaram a lona, ainda. Em resumo, falta “moral” da oposição em jogá-los aos leões por estarem envolvidos num grau considerável destes escândalos. Ao governo e ao PT falta entendimento do que seja a política real, do contrário não escolheria moldar o futuro com a incerteza do presente á toque de caixa: em questão, a sua sensatez e firmeza em construir uma nova política que motivou milhões de eleitores a se identificar com a estrela vermelha, decerto, numa época distante dos Sarney e demais chefes locais hoje de fácil trânsito pelo palácio do planalto. Ao governo sobra pragmatismo e “liquidez” ao jogar peso numa aliança deveras hibrída: o que se sobressai de um governo que poderá ter no seu âmago um PMDB identificado com as causas de um projeto de país calcado na desigualdade social e no capitalismo de mercado? O tempo dirá.

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